sexta-feira, 29 de julho de 2011

A bênção que faz multiplicar

A benção que faz multiplicar
29/07/2011
Dom Orani João Tempesta - Arcebispo Metropolitano

A cada final de semana, a riqueza da Palavra de Deus ilumina nossa vida e nossos caminhos. Depois do "discurso em parábolas", em que Jesus revelou aos seus discípulos os "mistérios do reino dos céus", Mateus continua seu Evangelho com uma nova e longa seção (Mt 13, 53-17, 27) que prepara o que muitos chamam "Sermão da vida da comunidade" (Mt 18): nele encontramos narrativas e diálogos alternados que focam sua atenção sobre a formação dos discípulos, que constituem o fundamento da Igreja.A liturgia faz a escolha de algumas textos, para uma melhor compreensão da mensagem evangélica, porém é desejável que as ausências de alguns trechos naqueles proclamados pela Liturgia forneceçam um maior interesse para a leitura pessoal, a leitura orante, a lectio divina.Neste décimo oitavo domingo do Tempo Comum, a liturgia nos apresenta a passagem de Mateus 14, 13-21, a "multiplicação dos pães", particularmente importante na tradição evangélica, e um dos mais conhecidos do povo cristão. O episódio é repetido em todos os evangelistas, o que demonstra o fato e o anúncio que esse trecho nos traz.O texto abre-se referindo-se a Jesus com a notícia que foi trazida pelos discípulos de João Batista, que ele fora preso e morto por Herodes. Essa informação é importante porque nos mostra como Jesus reage a esse acontecimento: "Jesus saiu de lá num barco para um lugar solitário." Uma reação semelhante foi observada por Mateus em Jesus, depois de descrever a forma como a multidão estava satisfeita: “Logo após, obrigou os discípulos a entrar no barco e precedê-lo para o outro lado, enquanto ele despedia a multidão. E despedindo-se da multidão, ele foi para o monte e continuou a orar "(Mt 14, 22). Assim, a história da "multiplicação dos pães" está dentro destas anotações sobre o comportamento de Jesus: o ponto comum dessas duas reações é uma escolha de solidão. Esta é a mesma reação a dois eventos opostos: o primeiro é o trágico acontecimento da prisão de João, que representa a tristeza da morte de um profeta e mesmo o perigo de morte que se aproxima para Jesus; o segundo é o feliz acontecimento de uma multidão satisfeita, que alcança um resultado positivo.Fracasso e sucesso em Jesus causam a mesma reação, a mesma atitude, a mesma decisão: a solidão e a oração. O fracasso pode levar à decepção, a ilusão de sucesso. Solidão e oração são as atitudes normais de Jesus diante dos acontecimentos de vida, e isso revela que ele é, essencialmente, uma pessoa livre.O Evangelho deste domingo narra um grande milagre realizado por Jesus de Nazaré: a multiplicação dos pães e dos peixes. São Mateus diz-nos que o Mestre teve compaixão da multidão que o havia seguido das cidades (Mt 14, 13), desceu do barco, onde havia se retirado para orar ao Pai, e começou a curar os que estavam enfermos (v. 14). Jesus, indo ao encontro da multidão necessitada da Verdade, incentiva todo cristão a testemunhar o amor, a anunciar com firmeza que a salvação veio ao mundo através do sacrifício do Verbo Encarnado, que, oferecendo-se uma vez por todas, tornou possível para cada homem e mulher participar da vida divina.Essa participação é implementada na vida da Igreja através dos sacramentos, sinais concretos que revelam a união do homem com Deus. Desse modo, o cristão, transformado por este encontro, torna-se um instrumento de Deus, evangelizador da Palavra, aquele que procura a multidão ansiosa pela libertação. São Mateus nos diz que, chegada a noite, Jesus ordenou aos seus discípulos para alimentar a multidão reunida em torno dele, com apenas cinco pães e dois peixes. Todos puderam comer e saciar-se do alimento abençoado que lhe foi oferecido pelo Senhor (v.20), aliás, sobraram outras cestas de peixe (v.20).O milagre indica que só o Mestre pode satisfazer a fome que domina o nosso ser. Os pães oferecidos à multidão simbolizam a imagem do Filho de Deus que se entrega à morte e se torna alimento para nós. Saciando-nos com a Eucaristia, na verdade, saboreamos a nossa identidade: ser filhos de Deus, e seguir em frente na fé, até o encontro com o Senhor.A multiplicação dos pães e peixes é para nós um sinal de que somos chamados a nos comprometer com as pessoas – dai-lhes vós mesmos de comer – e acreditar que o pouco abençoado por Jesus se multiplica para que através dos discípulos todos possam ser saciados.É a nossa missão: colocarmo-nos nas mãos do Senhor, consagrarmo-nos a Ele e, como Igreja, distribuirmos o alimento da vida ao nosso povo. Podemos ser poucos para tantos trabalhos e grande é a missão, mas, mesmo assim, deve haver o anúncio de que a multiplicação se realiza diante de nossos olhos. É a esperança de que a Vida vai acontecendo, quando os discípulos de Jesus o obedecem e se deixam abençoar por Ele, vivendo uma vida consagrada.Irmãos, escancaremos o nosso interior ao amor divino do nosso Redentor: ele irá satisfazer nossas necessidades reais, e chegaremos, desse modo, a ser arautos da liberdade, homens resgatados, testemunhas do Deus que é Amor.

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

10 conselhos de Bento XVI aos jovens

10 conselhos de Bento XVI aos jovens
artigos / Jornada Mundial da Juventude

1) Conversar com Deus

“Algum de vós poderia talvez identificar-se com a descrição que Edith Stein fez da sua própria adolescência, ela, que viveu depois no Carmelo de Colônia: “Tinha perdido consciente e deliberadamente o costume de rezar”. Durante estes dias (de Jornada Mundial da Juventude) podereis recuperar a experiência vibrante da oração como diálogo com Deus, porque sabemos que nos ama e, a quem, por sua vez, queremos amar”.

2) Contar-lhe as penas e alegrias

“Abri o vosso coração a Deus. Deixai-vos surpreender por Cristo. Dai-lhe o ‘direito de vos falar’ durante estes dias. Abri as portas da vossa liberdade ao seu amor misericordioso. Apresentai as vossas alegrias e as vossas penas a Cristo, deixando que ele ilumine com a sua luz a vossa mente e toque com a sua graça o vosso coração.

3) Não desconfiar de Cristo

“Queridos jovens, a felicidade que buscais, a felicidade que tendes o direito de saborear, tem um nome, um rosto: o de Jesus de Nazaré, oculto na Eucaristia. Só ele dá plenitude de vida à humanidade. Dizei, com Maria, o vosso ‘sim’ ao Deus que quer entregar-se a vós. Repito-vos hoje o que disse no princípio de meu pontificado: Quem deixa entrar Cristo na sua vida não perde nada, nada, absolutamente nada do que faz a vida livre, bela e grande. Não! Só com esta amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só com esta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só com esta amizade experimentamos o que é belo e o que nos liberta. Estai plenamente convencidos: Cristo não tira nada do que há de formoso e grande em vós, mas leva tudo à perfeição para a glória de Deus, a felicidade dos homens e a salvação do mundo”.

4) Estar alegres: querer ser santos

“Para além das vocações de consagração especial, está a vocação própria de todo o batizado: também é esta uma vocação que aponta para um ‘alto grau’ da vida cristã ordinária, expressa na santidade. Quando encontramos Jesus e acolhemos o seu Evangelho, a vida muda e somos impelidos a comunicar aos outros a experiência própria (…). A Igreja necessita de santos. Todos estamos chamados à santidade, e só os santos podem renovar a humanidade. Convido-vos a que vos esforceis nestes dias por servir sem reservas a Cristo, custe o que custar. O encontro com Jesus Cristo vos permitirá apreciar interiormente a alegria da sua presença viva e vivificante, para testemunhá-la depois no vosso ambiente”.

5) Deus: tema de conversa com os amigos

“São tantos os nossos companheiros que ainda não conhecem o amor de Deus, ou procuram encher o coração com sucedâneos insignificantes. Portanto, é urgente ser testemunhos do amor que se contempla em Cristo. Queridos jovens, a Igreja necessita autênticos testemunhos para a nova evangelização: homens e mulheres cuja vida tenha sido transformada pelo encontro com Jesus; homens e mulheres capazes de comunicar esta experiência aos outros”.

6) No Domingo, ir à Missa

“Não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudai também os outros a descobri-la. Certamente, para que dela emane a alegria que necessitamos, devemos aprender a compreendê-la cada vez mais profundamente, devemos aprender a amá-la. Comprometamo-nos com isso, vale a pena! Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não somos os que fazemos uma festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que prepara uma festa para nós. Com o amor à Eucaristia redescobrireis também o sacramento da Reconciliação, no qual a bondade misericordiosa de Deus permite sempre que a nossa vida comece novamente”.

7) Demonstrar que Deus não é triste

“Quem descobriu Cristo deve levar os outros para ele. Uma grande alegria não se pode guardar para si mesmo. É necessário transmiti-la. Em numerosas partes do mundo existe hoje um estranho esquecimento de Deus. Parece que tudo anda igualmente sem ele. Mas ao mesmo tempo existe também um sentimento de frustração, de insatisfação de tudo e de todos. Dá vontade de exclamar: Não é possível que a vida seja assim! Verdadeiramente não”.

8) Conhecer a fé

“Ajudai os homens a descobrir a verdadeira estrela que nos indica o caminho: Jesus Cristo. Tratemos, nós mesmos, de conhecê-lo cada vez melhor para poder conduzir também os outros, de modo convincente, a ele. Por isso é tão importante o amor à Sagrada Escritura e, em consequência, conhecer a fé da Igreja que nos mostra o sentido da Escritura”.

9) Ajudar: ser útil

“Se pensarmos e vivermos inseridos na comunhão com Cristo, os nossos olhos se abrem. Não nos conformaremos mais em viver preocupados somente conosco mesmo, mas veremos como e onde somos necessários. Vivendo e atuando assim dar-nos-emos conta rapidamente que é muito mais belo ser úteis e estar à disposição dos outros do que preocupar-nos somente com as comodidades que nos são oferecidas. Eu sei que vós, como jovens, aspirais a coisas grandes, que quereis comprometer-vos com um mundo melhor. Demonstrai-o aos homens, demonstrai-o ao mundo, que espera exatamente este testemunho dos discípulos de Jesus Cristo. Um mundo que, sobretudo mediante o vosso amor, poderá descobrir a estrela que seguimos como crentes”.

10) Ler a Bíblia

“O segredo para ter um ‘coração que entenda’ é edificar um coração capaz de escutar. Isto é possível meditando sem cessar a palavra de Deus e permanecendo enraizados nela, mediante o esforço de conhecê-la sempre melhor. Queridos jovens, exorto-vos a adquirir intimidade com a Bíblia, a tê-la à mão, para que seja para vós como uma bússola que indica o caminho a seguir. Lendo-a, aprendereis a conhecer Cristo. São Jerônimo observa a este respeito: ‘O desconhecimento das Escrituras é o desconhecimento de Cristo’”.

Fonte: opusdei.org.br