segunda-feira, 1 de março de 2010

RIO, DE CORAÇÃO

RIO, DE CORAÇÃO
Quando te olho, Rio, esqueço-me de quem sou E admiro tua paisagem forte, De pesos e nuances tantas Que o fôlego adquire um ar de nobre. E esses teus mares, montanhas e céu invejáveis, Tua Baixada e tua Zona Sul, De tropeços tão únicos, Que fazem de ti a desarmoniosa escultura De um palco alvissareiro e elegante, Que se estampa nas prateleiras E esconde teus quintais.
Quando te olho, Rio, orgulho-me de tua acolhida.E dentro deste peito uma coisa cresce certa,Tal qual um assombro de ternura e vaidade. Quando denuncias, de braços abertos, Que és casa de boa conduta, tomada em doce canção, E percorro tuas Linhas, sejam Amarelas, Verdes ou Vermelhas, Que trazem aos visitantes a realidade das favelas. Estas mesmas que decoram teus morros E que, à noite, transformam-se em aquarelas luminosas. E lá, do outro lado, por onde escorrem as Serras, Não escondes as maravilhas que a ti pertencem Quando te olho, Rio, retrocedo em muitas infâncias E enriqueço-me com tuas glórias e louvores Que traçaram muitos rumos escutando teus lamentos De Zona Oeste e Zona Norte, que complementam o labirinto De onde muitos desconhecem valores ímpares Da carioquice resguardada em velados preconceitos De sua ruas, travessas, avenidas e estradas Lagoas, riachos, florestas e toda a gente carioca E nasce a pergunta que explode em tantos gritos: "Quem pode te olhar com desdém, Quando dois braços abertos São os convites à elegância de tuas formas?"
Quando te olho, Rio, esqueço-me de quem sou...


Autora: Márcia Ribeiro

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